Tudo começou quando eu tinha 15 anos. Eu tinha aulas de inglês no colégio, mas não gostava do idioma. Foi então que criaram uma turma de francês e pude escolher entre os dois. Gostei tanto que meu pai me inscreveu no curso da Aliança Francesa de Brasília. Me apaixonei pelo idioma e pela cultura do país. Só faltava virar adulta e partir para conhecer os lugares das fotos que via nos corredores.

Em 2014 comecei a me aventurar em terras mais distantes: fui à Noruega em fevereiro, numa viagem de caça à Aurora boreal e, em janeiro de 2016, fui à Islândia, participando de um workshop de fotografia, de um fotógrafo que conheci pelo perfil do Instagram. Estas duas foram experiências únicas, lugares deslumbrantes que indico e onde pretendo voltar.

Há muito tempo, encontrei um texto do escritor gaúcho Janer Cristalto que define bem minha relação com viagens. Dizia ele, dentre outras coisas, que o vírus "febre de viagens não tem cura; uma vez contraído você acaba viajando até morrer. Não permaneça imóvel na beira da ferrovia olhando os trens que passam. Parta, que a vida é curta (...). Viagem é patrimônio inalienável. Se o país afundar, se você entrar em falência, sua memória guardará um amplo acervo de bens que não podem ser alienados ou embargados".

Termino citando Mr. Miles, colunista do jornal Estadão: "quando lhe deram a vida, my friend, deram-lhe também o mundo inteiro para explorar. É curioso que muitos não percebem essa dádiva e guardam-na embrulhada no fundo de uma gaveta. (...) é no mundo que ganhamos que está tudo o que de fato necessitamos: a vida, o conhecimento, os amigos, as grandes paixões, a descoberta. Aqueles que optam por conhecer o mundo não têm idade. Porque eles transformam sua fugaz existência em momentos de tanta intensidade que é como se tivessem vivido desde sempre e para sempre".

Finalmente, em agosto de 1982, parti, naquela que seria a primeira de inúmeras viagens. Talvez, você que me lê, nem tivesse nascido. Fui para  Cap d'Ail, pequena cidade da Côte d'Azur, para um curso de francês de um mês. Apesar de possuir na época um diploma da Universidade de Nancy para estrangeiros - um curso sobre literatura, civilização e história da França, da Aliança Francesa, e ser capaz de ler e entender, eu não possuía fluência. Assim, além de realizar meu sonho, fui também melhorar meus conhecimentos do idioma. No final do curso fui a Paris, à Suíça, convidada por colegas, e a Roma, de onde partiria meu vôo de volta para casa.

Era um tempo sem Internet, sem GPS, sem zona Euro. Mas era um tempo de descobertas. Tudo era supresa. Lembro-me de voltar contando sobre um pãozinho de chocolate maravilhoso que havia comido na França, o hoje tão conhecido pain au chocolat. Moro em Brasília e esse pãozinho não é mais supresa para ninguém. Há, na cidade, mais de quatro padarias francesas de renome. Mas ainda é possível se surpreender nesse vasto mundo. Basta estar aberto para novas descobertas e partir.

Uma vez que a França é uma paixão antiga, visitei várias regiões e inúmeras cidades, mas gosto de voltar a algumas, pelo ambiente, pelo astral, pela comida, para rever amigos queridos.

Olá. Eu sou a Mari. Minha paixão? Viajar, conhecer, viver. Nem bem chego de uma viagem e já estou pensando nas próximas. Tenho uma lista de lugares a conhecer que só faz crescer...

"A viagem, para mim, não é o chegar, mas o partir. É o imprevisto da próxima escala, o desejo nunca saciado de conhecer, sem cessar, outras coisas, é o amanhã, eternamente amanhã".

(Roland Dorgelès)